Falta do que está longe, mas insiste em estar perto...
Sinto falta de muitas coisas que já passaram. Sinto falta
das brincadeiras de criança, de subir no meu lugar na árvore. De ir posar na
casa da tia porque lá tinha piscina e eu podia tomar um monte de banho. Sinto
falta de varrer a calçada para poder jogar videogame. Sinto falta de ir à casa
da avó e tomar alguns golinhos de coca-cola pelo bico escondido. Sinto falta de
ir à casa dos amigos e ficar assistindo filmes antigos do Jackie Chan quando
passava no domingo à noite na Band, quando ele ainda nem era famoso. Sinto
falta de ir para a escola de dia. De sair correndo que nem um louco apenas
porque bateu o sinal do recreio.
Sempre é assim. Nós sentimos falta do que vivemos quando ainda
não sabíamos o que a vida é na verdade. Coisas tão simples e banais que com o
passar do tempo nos dão a certeza de que tínhamos felicidade. E a felicidade é
isso, é entender que a felicidade é feita de bons momentos que passamos na vida
e que eles devem ser aproveitados. Viver o ontem desprezando o presente e sem
esperança no futuro nos torna infelizes, porque o passado já passou e
obviamente não volta. O que faremos amanhã não nos pertence. Temos planos,
realizá-los é imprevisível. Mas o presente é diferente.
O que é nosso é o PRESENTE. Esta é a nossa dádiva e é por
isso que tem este nome.
Quando um rio passa diante dos nossos olhos vemos que a
correnteza leva muitas coisas. Pode levar vida através dos peixes que ali nadam
e volta e meia até saltam para fora do rio para demonstrar sua alegria, ou
podem trazer morte, através das árvores secas e sem vida que fazem do leito do
rio seu cortejo fúnebre.
A nossa vida é assim também. Tem bons e maus momentos. Idas
e vindas. Acertos e erros. Alegrias e tristezas. Contrapontos que nos fazem
sorrir e chorar, às vezes até os dois ao mesmo tempo.
O que aproveitar da vida depende das nossas escolhas.
Podemos usar as árvores mortas do leito do rio para construir uma ponte e
passar por cima dele ou então uma balsa para conhecermos pontos do rio que
antes não podíamos e com os galhos dessa árvore podemos fazer varas e com elas
pescar os peixes que ali estão nadando. “”
Tudo depende da sua atitude e ela não pode ser tomada
amanhã, pois a vida é um rio que não conhecemos o curso.
Não lamente sua vida. O que vivemos nos trouxe até aqui.
Saudade, palavra exclusivamente portuguesa, é saudável e nos indica o caminho
que trilhamos.
Lamentar é querer viver o passado e não admitir seus erros.
Admita que você errou. Reconheça suas fraquezas e as enfrente. A culpa também é
sua, entenda isso e aprenda o que é humildade.
Faça dos seus erros a ponte para superar os obstáculos da
vida. Entenda suas fraquezas e as supere tirando vida de onde sua capacidade
pode alcançar. Não alcança ainda? Então construa as condições para isso. Demore
o tempo que demorar, não importa. Quem luta uma batalha por dia quando for se
dar conta lutou uma guerra inteira.
Pensamentos de uma Velha Tartaruga